Modelo de Maturidade Organizacional para Liderança Estratégica

1. Introdução

Em minha experiência prestando consultorias estratégicas e capacitando líderes em diversas empresas, tenho percebido que uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas empresas é o equilíbrio entre a cobrança por resultados de curto prazo e o tempo necessário para amadurecer processos e cultura organizacional. Essa pressão imediatista alinhada à falta de planejamento, organização e de pessoas preparadas para a mudança, pode comprometer o real desenvolvimento da empresa.

Para solucionar essa lacuna, ao longo de mais de uma década tenho aplicado uma modelo baseada em fases de evolução e maturidade, que demonstra o avanço gradativo da organização. Com isso, é possível tangibilizar resultados em cada etapa, trazendo clareza, confiança e direção para todos os envolvidos.

 

2. O Conceito de Maturidade Organizacional

A maturidade de gestão reflete o nível de evolução de uma organização em relação a seus processos, pessoas e estratégia, permitindo gerar e sustentar valor tanto para clientes quanto para o próprio negócio. Na imagem abaixo, esses três elementos centrais – Estratégia, Pessoas e Processos – são impulsionados por dois “motores” complementares: Motor 1 (Operação), que garante a eficiência e a continuidade diária, e Motor 2 (Inovação), que promove a transformação e a diferenciação competitiva.

Motor 1 e 2

Quanto mais madura a empresa, maior a integração entre esses motores e os três pilares de gestão, resultando em melhor alinhamento entre o planejamento estratégico e a execução. Além disso, níveis mais altos de maturidade costumam refletir uma cultura forte, na qual equipes são engajadas, indicadores de desempenho são constantemente monitorados e melhorias são implementadas de forma contínua.

Principais benefícios de um modelo de maturidade:

  • Identificar lacunas e oportunidades de melhoria de maneira estruturada, priorizando onde agir primeiro;
  • Estabelecer prioridades com base nos estágios de evolução e na capacidade atual de execução;
  • Mensurar a evolução ao longo do tempo, auxiliando na tomada de decisão fundamentada em dados;
  • Engajar a equipe por meio de metas claras, realistas e alinhadas aos objetivos estratégicos.

Esses modelos podem ser adaptados em diversas áreas, como planejamento estratégico, gestão ágil, desenvolvimento de liderança e iniciativas como NPS (Net Promoter Score) e eNPS (Employee Net Promoter Score), que avaliam satisfação e engajamento de clientes e colaboradores. Dessa forma, a empresa constrói um ambiente orientado ao aprendizado, à entrega de resultados e à inovação contínua.

 

3. As Fases de Evolução do Modelo

Apresento a seguir um modelo de fases de maturidade, que pode variar conforme o porte e setor de cada organização. No entanto, ele serve como guia para entender os principais passos de evolução e organizar o trabalho da liderança estratégica:

1ª Fase – Diagnóstico e Alinhamento:

    • Objetivo: compreender a realidade atual da empresa, seus indicadores, processos e cultura.

    • Principais entregas:
      • Mapeamento de processos-chave;
      • Identificação de gaps em processos, equipe e tecnologia;
      • Alinhamento de expectativas com a liderança (CEO e diretoria).

    • Ferramentas: entrevistas com stakeholders, relatórios de performance, NPS/eNPS iniciais, observação em campo.

2ª Fase – Planejamento Estratégico Ágil

    • Objetivo: criar a base de um planejamento estratégico ágil traduzido nos níveis tático e operacional, garantindo o alinhamento estratégico e definindo prioridades e metas de curto, médio e longo prazo.

    • Principais entregas:
      • Visão, Objetivos Estratégicos e Resultados-Chave (BSC e/ou OKRs);
      • Metas e indicadores de performance (KPIs);
      • Plano de Ação com responsabilidades claras para equipes e líderes.

    • Ferramentas: frameworks de planejamento estratégico, metodologias ágeis (como ClickUp), reuniões de co-criação e alinhamento.

3ª Fase – Execução com Gestão Ágil e Evolução Cultural

    • Objetivo: executar os planos, monitorar resultados e garantir evolução contínua.

    • Principais entregas:
      • Rotinas de gestão (sprints, daily, weekly, monthly reviews);
      • Acompanhamento de KPIs e ajustes de rota;
      • Programas de desenvolvimento de liderança e equipes.

    • Ferramentas:

      • ClickUp para gestão de tarefas, sprints e acompanhamento de progresso;
      • NPS e eNPS periódicos para medir satisfação de clientes e clima organizacional;
      • Treinamentos e workshops para líderes e times.

4ª Fase – Revisão de Processos e Governança

    • Objetivo: inovar e consolidar processos, aprimorando a governança e a previsibilidade de resultados.

    • Principais entregas:
      • Documentação de inovação em processos e políticas internas;
      • Estrutura de governança (conselhos, comitês, rituais de decisão);
      • Processos de melhoria contínua e cultura de aprendizado.

    • Ferramentas: manuais e playbooks de gestão, estrutura de auditoria interna, plataformas com Dashboards Inteligentes, Agentes de IA e análises avançadas.

5ª Fase – Excelência e Inovação para o Crescimento Sustentável

    • Objetivo: atingir o estágio em que a empresa é capaz de se reinventar constantemente, mantendo altos padrões de performance.

    • Principais entregas:
      • Roadmap de inovação e novos projetos;
      • Modelo de negócios escalável e adaptável;
      • Liderança transformacional atuante e cultura de alta performance.

    • Ferramentas: metodologias de inovação aberta (Open Innovation), parcerias estratégicas, plataformas com IA e automação e análise preditiva. Primeiros passos para aplicação do efeito-rede e liderança de ecossistemas.

 

4. Medindo o Sucesso: Indicadores e Ferramentas

Para demonstrar a eficácia de cada fase e tangibilizar o trabalho da liderança, é fundamental mensurar resultados. A escolha dos indicadores deve considerar a estratégia, o segmento de atuação e a maturidade da empresa. Algumas sugestões:

  • Indicadores Financeiros: crescimento de receita, margem de lucro, fluxo de caixa.
  • Indicadores de Processos: tempo de ciclo, custo de retrabalho, taxa de defeitos.
  • Indicadores de Mercado: share de mercado, NPS, reclamações de clientes.
  • Indicadores de Pessoas: eNPS, turnover, performance 9box, participação em treinamentos.
  • Indicadores de Projeto/Agilidade: lead time de tarefas, velocidade de entrega (sprint burndown), taxa de cumprimento de metas.

Ferramentas como ClickUp permitem acompanhar a execução das atividades em tempo real, oferecer transparência à gestão e promover o engajamento de todos no sucesso do projeto. Para relacionamentos com clientes e colaboradores, NPS e eNPS são métodos rápidos e eficazes para avaliar a satisfação e fidelidade.

 

5. A Importância da Mentalidade de Evolução e a Matriz de Maturidade Organizacional

Desenvolver uma mentalidade de evolução em toda a empresa é fundamental para conquistar e sustentar altos níveis de maturidade em gestão. Mais do que um programa pontual, a maturidade deve ser incorporada ao DNA organizacional para que, mesmo em períodos de pressão por resultados de curto prazo, a busca por melhorias contínuas seja encarada como oportunidade de crescimento e inovação.

Para mensurar esse grau de maturidade, é recomendável utilizar uma matriz que correlaciona dois elementos essenciais:

  • Nível de Maturidade Organizacional: indica o quão robusto e estruturado está o sistema de gestão da empresa.

  • Nível de Alcance de Metas (Resultados): verifica se as metas estabelecidas estão sendo cumpridas e de que forma.

A combinação desses dois fatores dá origem a quatro quadrantes, cada um com características e desafios específicos:

Matriz de Maturidade Organizacional

 

1º Quadrante – Resultados Consistentes com Método e Previsibilidade

Todas as organizações deveriam ter como meta se posicionar nesse quadrante, pois nele há um sistema de gestão funcionando plenamente, com metas desafiadoras e resultados otimizados. A sustentação dos resultados se dá pela aplicação consistente do método de gestão, integrando pessoas, processos e estratégia de forma eficaz.

Destaques

  • Métodos bem estabelecidos e aplicados;
  • Metas ambiciosas e atingíveis;
  • Cultura de melhoria contínua e alto engajamento da equipe.

2º Quadrante – Risco de Sustentação dos Resultados e Necessidade de Desenvolvimento dos processos e método

Muitas empresas se encontram aqui: elas iniciam programas de gestão, colhem bons resultados rapidamente, mas, ao diminuir o foco, acabam perdendo o ritmo e voltando aos mesmos problemas. Nesse contexto, líderes costumam conduzir projetos de gestão e, ao verem melhora imediata, partem para novas iniciativas sem consolidar as práticas adquiridas.

Desafios

  • A disciplina de manter a metodologia no dia a dia;
  • A necessidade de tempo para amadurecer processos e cultura;
  • O risco de cair no “efeito sanfona”, em que bons resultados são pontuais e não se mantêm.

3º Quadrante – Resultados não são alcançados de maneira consistente, o método é satisfatório porém sua aplicação é ineficaz

Trata-se de um quadrante de alerta: apesar de certo esforço na implementação de processos de gestão, os resultados não são alcançados de maneira consistente. É possível que haja falhas no modelo de negócio, na proposta de valor ou mesmo na forma de medir e evoluir a maturidade.

Recomendações

  • Avaliar criticamente o modelo de negócio e a proposta de valor, verificando se estão sendo entregues ao cliente de maneira sustentável.
  • Validar a medição da maturidade: muitas vezes, líderes ou consultorias fazem um autodiagnóstico otimista, sem considerar lacunas reais no sistema de gestão.

4º Quadrante – Resultados Não Atingidos e faltam processos e método

Aqui normalmente se encontram empresas que acabaram de iniciar iniciativas de gestão. A boa notícia é que a estruturação de processos e o uso de métodos pode melhorar rapidamente alguns indicadores. A má notícia é que não existem atalhos: o aumento de maturidade é um processo educacional e de mudança cultural, que exige dedicação e constância.

Perspectivas

  • Com priorização adequada, esse quadrante tende a evoluir primeiro para melhores resultados (Quadrante 2) e, depois, para maior maturidade (rumo ao Quadrante 1);
  • A evolução requer treinamento, engajamento e acompanhamento constante;
  • É necessário tempo para que as iniciativas deixem de ser apenas programas pontuais e se tornem parte da cultura organizacional.

     

6. Modelo de Maturidade Organizacional que Impulsiona Resultados

Para ajudar empresas de diferentes portes e setores a identificarem oportunidades de crescimento, utilizamos um Modelo de Maturidade Organizacional estruturado em 5 níveis evolutivos e 6 dimensões-chave. Esse modelo permite não apenas um raio-x do momento atual, mas também a construção de um plano de ação direcionado, garantindo avanços reais na operação e no posicionamento estratégico.

 

Os 5 Níveis de Maturidade Organizacional

Níveis de Maturidade Organizacional

Do nível inicial, onde a gestão é pouco estruturada, até o nível otimizado, em que processos e cultura são altamente consolidados, cada estágio representa um patamar de evolução. Assim, as empresas podem visualizar em qual nível se encontram e traçar metas para avançar gradativamente.

As 6 Dimensões Organizacionais

Dimensões Organizacionais

  • Cada dimensão mapeia aspectos fundamentais do negócio. Com isso, descobrimos onde estão as fortalezas e onde concentrar esforços de melhoria.

O Que Fazemos Após o Diagnóstico?

    • Validação Estratégica: junto com as lideranças, confirmamos se o direcionamento estratégico e os objetivos de curto, médio e longo prazo estão claros e bem comunicados.

    • Priorização de Ações: definimos planos e metas para cada área da empresa, garantindo que os recursos sejam alocados onde trazem maior retorno.

    • Implementação e Acompanhamento: utilizamos metodologias ágeis (quando apropriado) para transformar o diagnóstico em ganhos efetivos, promovendo novas práticas e cultura de melhoria contínua.

    • Análise de Resultados: estabelecemos indicadores de sucesso para mensurar e comunicar a evolução, gerando transparência e engajamento em todos os níveis.

Por que Aplicar Anualmente o Diagnóstico?

    • Ambientes de Negócio Dinâmicos: o mercado muda rapidamente; acompanhar e atualizar o diagnóstico permite ajustes ágeis na estratégia.

    • Crescimento Sustentável: ao verificar os avanços em cada dimensão, fica mais fácil manter alto desempenho e identificar novas oportunidades de inovação.

    • Cultura de Evolução Contínua: quando a avaliação se torna parte do calendário, a empresa consolida a mentalidade de melhoria, minimizando riscos e mantendo a competitividade.

Em resumo, o Modelo de Maturidade Organizacional oferece uma visão clara de onde a sua empresa está e como chegar a patamares mais elevados de gestão. É um investimento seguro para quem busca sustentar resultados, engajar colaboradores e impactar positivamente o mercado. Se deseja saber mais sobre como aplicamos esse processo e levamos sua empresa a novos níveis de maturidade, entre em contato com nossa equipe e descubra como podemos acelerar o seu crescimento.

 

7. Conclusão

A pressão por resultados imediatos é uma realidade em muitas organizações, mas a vantagem competitiva surge quando se adota um caminho estruturado de evolução contínua, ancorado em planejamento estratégico, metodologias ágeis, desenvolvimento de lideranças e indicadores de sucesso. A maturidade de gestão oferece exatamente essa clareza: fases definidas, metas realistas e planos de ação que transformam desafios em ganhos tangíveis a cada etapa.

Ao alinhar objetivos de curto, médio e longo prazo, as empresas conquistam resultados consistentes e sustentáveis, desenvolvendo a cultura interna necessária para se manterem competitivas em um mercado em constante evolução. O processo de diagnóstico e acompanhamento, com revisões periódicas e ferramentas como NPS e eNPS, garante visibilidade dos avanços e reforça o engajamento de CEOs, diretores e equipes.

Se você deseja aprofundar suas práticas de consultoria ou aplicar esse modelo na sua organização, entre em contato ou acesse o conteúdo no blog da ITC Global. Estamos prontos para colaborar na construção de um plano que impulsione sua empresa rumo a patamares cada vez mais altos de maturidade de gestão, gerando excelência operacional e verdadeiro valor para todos os stakeholders.

 


 

Referências Bibliográficas e de Conteúdo:

  1. FALCONI, Vicente. O Verdadeiro Poder. Editora Falconi, 2009. Referência para princípios de gestão e melhoria contínua.
  2. PRADO, Darci; ARCHIBALD, Russell, Pesquisa Maturidade em Gerenciamento de Projetos. Disponível em: maturityresearch.com. Estudos fundamentais sobre níveis de maturidade em gestão de projetos e impacto nos resultados.
  3. PRADO, Darci, Fundamentos do Modelo Prado-MMGP (4ª ed.). Editora Falconi, 2024. Texto-base para aplicação de diagnósticos setoriais e evolução de maturidade em projetos.
  4. PMI (Project Management Institute): A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBOK® Guide). 7ª ed., 2021. Conjunto de práticas reconhecidas internacionalmente para gerenciamento de projetos.
  5. ClickUp: Plataforma de colaboração e gerenciamento de tarefas/projetos. Disponível em: clickup.com
  6. midfalconi.com: Conteúdo sobre maturidade de gestão. Disponível em: Maturidade de Gestão – midfalconi.com
  7. ITC Global (Blog) | Paulo Imbuzeiro. Artigos sobre Planejamento Estratégico, Gestão Ágil e Desenvolvimento de Líderes. Disponível em: itcglobal.com.br/blog
  8. NPS (Net Promoter Score) e eNPS (Employee Net Promoter Score). Metodologias para avaliar satisfação e engajamento de clientes e colaboradores. Informações gerais em: netpromoter.com
  9. CHATGPT (OpenAI). Artigo desenvolvido com o apoio do ChatGPT.

 

 


 

Sobre o Autor:

Sou Paulo Imbuzeiro, CEO e Consultor Estratégico na ITC Global, autor de artigos voltados à gestão empresarial e palestrante em temas como planejamento estratégico, gestão ágil, desenvolvimento de líderes e avaliações de clima e satisfação (NPS e eNPS). Minha missão é potencializar o crescimento e apoiar a transformação das organizações, tornando-as mais competitivas e preparadas para o futuro.

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